sexta-feira, 22 de abril de 2011

Parede de Escudos – Parte 1

 

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Decidi criar coragem de escrever sobre Crônicas Saxônicas, não que se precise de muita, mas no mínimo é preciso tempo e força de vontade, afinal como descrever algo indescritível?!

Começo dizendo que esta série, ou melhor, que Bernard Cornwell foi uma grande descoberta. Em que planeta eu vivia sem conhecê-lo? (essa foi à pergunta que me fiz ao terminar de ler ainda o primeiro livro). O que fazer agora? (eis o que me pergunto após terminar o quinto livro)

 

 

Já aviso, que será como uma “saga”, ou melhor, uma “Parede de Escudos” em partes (se bem que, como só eu leio mesmo, não preciso avisar). Hoje, irei escrever sobre o primeiro livro “O último Reino”. Porém de forma generalizada eu já posso te sugerir uma coisa: leia!

"A Série Crônicas Saxônicas (Saxon Stories) é uma história sobre os vikings e a Inglaterra do rei Alfredo, o Grande, vista através dos olhos de Uhtred, um garoto inglês nascido numa família aristocrata da Northumbria, que é capturado pelos vikings e passa a ter dúvidas sobre com quem está sua lealdade. O autor ainda não definiu quantos livros comporão a série. Quando perguntado por um fã sobre o assunto ele limitou-se a responder: "Não sei. Mais do que quatro e menos do que doze".

Espero que muitos ainda estejam por vir...

Esta série reúne algumas coisas que me encantam em livros: batalhas (bem descritas, detalhada, com estratégia, sangue, derrota e vitórias), capas incríveis (como você pode perceber pela foto acima as capas quando juntas formam um “desenho”), narração em primeira pessoa (algo incrivelmente com ar de “pessoal”), construção de personagens (da sua infância ao seu triunfo), romance histórico na Idade Média (claro, romance), conspirações (muohuhauha), ironia e humor (fino e inteligente), personagens de todos os tipos (desde os que você ama aos que odeia no meio tendo os engraçados e “tontos”) e mortes (você vai entender no decorrer). Tudo isso se mistura a um ótimo enredo, sangue das lutas e uma base histórica baseada em acontecimentos reais.

Toda a série de uma forma geral discute o ideal pelo qual cada ser humano luta, seja ele terra, dinheiro, amor ou fé. E é justamente no contexto da fé que entra “Deus cristão x deuses Saxões”, conflito esse sempre presente no psicológico dos personagens que influencia diretamente na história. Para Uhtred, em especial, os cristãos são hipócritas, charlatões e principalmente mentirosos.

Crônicas Saxônicas- Livro I

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   Título: O Último Reino

   Autor: Bernard Cownwell

   Editora: Record

   Número de Páginas: 362

   Valor: R$ 32,90

 

Sinopse: O Último Reino é o primeiro romance de uma série que contará a história de Alfredo, o Grande, e seus descendentes. Aqui, Cornwell reconstrói a saga do monarca que livrou o território britânico da fúria dos vikings. Pelos olhos do órfão Uthred, que aos 9 anos se tornou escravo dos guerreiros no norte, surge uma história de lealdades divididas, amor relutante e heroísmo desesperado. Nascido na aristocracia da Nortúmbria no século IX, Uthred é capturado e adotado por um dinamarquês. Nas gélidas planícies do norte, ele aprende o modo de vida viking. No entanto, seu destino está indissoluvelmente ligado a Alfred, rei de Wessex, e às lutas entre ingleses e dinamarqueses e entre cristãos e pagãos.

“(…) lembrei-me da harpa de minha infância e de como as cordas estremeciam caso apenas uma fosse tocada. (…) pareceu que minha vida era feita de cordas, que se eu tocasse uma, as outras, mesmo separadas, fariam seu som. (…)  E todas essas pessoas separadas faziam parte da minha vida, cordas tocadas na harpa de Uhtred, e mesmo estando separadas afetavam umas às outras e juntas fariam a música da minha vida.

Pensamentos bobos, disse a mim mesmo. A vida é só a vida. Vivemos, morremos, vamos para o castelo de cadáveres. Não há música, apenas acaso. “O destino é inexorável.”

Neste 1° livro, que se passa na Inglaterra cerca de 300 anos após as crônicas de Artur, somos apresentados ao inglês Untred (o narrador de toda a história) com nove anos quando é levado para sua primeira batalha por seu pai contra os dinamarqueses que vencem a luta e acolhem o garoto inimigo após a morte de seu pai e irmão e derrota de seu povo. Assim começa a história de um personagem que é jogado pelo destino em um ambiente inimigo e violento, que ama seu povo e que aprende a amar os dinamarqueses que o ensinaram tudo seja de guerra, amor, família ou como ser um homem digno.

Um personagem de sentimentos confusos que vive em tropeços e desacertos, que não sabe muito bem o que quer da vida (dúvida essa, que claro nunca tivemos) A graça de Untred esta na sua imperfeição, um homem que busca vingança e tudo aquilo que lhe foi tirado, que vê na família e nos amigos que fez nesta jornada a força para seguir adiante. Para ele, o mundo cabe na ponta de sua espada e nós somos apenas peças de um jogo do destino, um “brinquedinho” dos deuses.

O Último Reino, bem como todos os livros de Crônicas Saxônicas garante uma leitura leve e divertida, apesar de todo o sangue derramado, cheia de emoção e de batalhas tanto com espadas escudos quanto na consciência humana.

cronicasaxonicas

segunda-feira, 11 de abril de 2011

É um tolo quem não tem vontade de melhorar espiritualmente. R$ 27,00

 

    Título: Coração/Kokoro

    Autor: Natsume Soseki

    Editora: Globo

    Nº de páginas: 279

 

 

 

 

Um livro envolvente, cativante que trata com uma naturalidade e simplicidade indescritível o interior de um coração, o coração da humanidade em geral, tratando algo “indescritível” de forma simples e sublime.

Visivelmente muito bonito e com um interior de superior beleza.

...Digamos que eu deixe a interpretação para você, inteligente que é, mas acrescentarei somente uma coisa: eu desconfiava da humanidade com relação ao dinheiro, mas com relaçção ao amor não estava de todo incrédulo. Por isso, mesmo que pareça estranho para os outros, e mesmo para mim contraditório, eles coexistem tranquilamente dentro do meu coração

Pag. 183

Resumidamente, a história de um estudante que em uma viagem entcontra cum homem, o “professor” do qual se aproxima e tona-se amigo e futuro “guardador de segredos”. Ela se divide em três partes: a da amizade entre o estudante e o professor; a da relação do estudante com sua família e a história da juventude do professor, essa última contada em forma de carta escrita pelo professor.

O livro combina em si algumas coisas que particularmente gosto, capítulos curtos (o que ajudar muito minhas leituras feitas em sala de aula (aula chata combina perfeitamente com esse livro)), naração em primeira pessoa,  poucos personagens (o que é da a impressão de uma proximidade maior com eles), um bom nome, uma boa capa, um “não” final feliz e um preço acessível.

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Coração, publicando em 1914, é escrito por Natsume Soseki, respeitado romancista japonês que viveu no período do imperador Meiji, e alcançou, ainda, o início da era Taisho, testemunhando os efeitos da modernização do Japão com o fim do regime de xogunato e o começo da fase de industrialização e ocidentalização da cultura japonesa. Contexto este que influencia diretamente sua obra, podendo ser entendida como um jogo de paixões ou como uma crítica ao imperalismo japonês. Particularmente, me parece uma mistura de amores com o egoísmo da época.

A socidade e o mundo particular dos personagens servem de plano de fundo para o romance, lidando com o que cada um de tem de melhor de “podre” ao mesmo tempo. Os personagens não possuem nomes são simplesmente “eu”, “professor”, “esposa”, generalizando o individual, mas ao mesmo tempo criando uma prossimidade sem tamanho.

Enfim, um livro gostoso de se ler,  enredo cativante com temas/conflitos importantes, romance envolvente e leia! (ponto final)