domingo, 31 de julho de 2011

“O auto corre. Eugênio sofre. As estrelas cintilam.” Por R$ 31,90

 

Título: Olhai os lírios do campo

Autor: Erico Verissimo

Editora: Companhia das letras

Número de páginas: 288

Preço: R$ 31,90 (se você não tiver alguém que te dê de presente)

 

“Olhai os lírios do campo”, foi uma surpresa para mim. Literalmente. Ganhei de uma pessoa a quem quero muito bem e que tem um ótimo gosto literário. Gosto literário este, que adora Erico Verissimo e que me fez descobrir o quanto ele é realmente bom.

Desde as primeiras páginas pude perceber como é fácil gostar de Erico, do seu jeito simples, de suas entrelinhas, de seus personagens que insistem em dizer “eu tenho um pouco de você” e de tantas outras coisas que me fizeram concluir que não somente o livro é excelente, mas o autor de uma grandiosidade infinita.

“...Se naquele instante - refletiu Eugênio - caísse na Terra um habitante de Marte, havia de ficar embasbacado ao verificar que num dia tão maravilhosamente belo e macio, de sol tão dourado,os homens em sua maioria estavam metidos em escritórios, oficinas, fábricas... E se perguntasse a qualquer um deles: "Homem, por que trabalhas com tanta fúria durante todas as horas de Sol?" - Ouviria esta resposta singular: "Para ganhar a vida". E no entanto a vida ali estava a se oferecer toda, numa gratuidade milagrosa. Os Homens viviam tão ofuscados por desejos ambiciosos que nem sequer davam por ela. Nem com todas as conquistas da inteligência tinham descoberto um meio de trabalhar menos e viver mais. Agitavam-se na terra e não se conheciam uns aos outros, não se amavam como deviam. A competição os transformava em inimigos.”

image Lançado em 1938, o livro narra a história de Eugênio, sua “luta” pessoal para tentar “ser alguém” e a trajetória de suas idéias iniciais que dinheiro é a fonte de felicidade a indivíduo seguro de si e aceitar seu verdadeiro eu (olha que coisa profunda). Os personagens são a grandiosidade do livro, nenhum deles é totalmente bom ou ruim, nenhum deles, é vilão ou mocinha, são todos simplesmente (complexamente) humanos. Humanos estes, no sentido mais vil da palavra, com aqueles que acreditam na magia das estrelas e aqueles que querem construir edifícios tão grandes quanto à altura delas.

Eugênio Fontes, o personagem principal, médico pessimismo, pais pobres, e mentalidade de “rico” que não se contentava com seu “destino” e por isso queria traçá-lo da sua maneira, através de relações sociais, esse personagem me causava repugnância por algumas de suas atitudes, como quando ele jovem caminha pela rua com um “amigo de alto nível” e esnoba seu “pai de baixo nível” ao vê-lo passar. Mas será que eu nunca esnobei alguém? Nunca senti vergonha de alguém? Nunca achei alguém inferior a mim? Não seria eu, um pouco como Eugênio? Na faculdade, conhece Olívia, doce, sonhadora e pessoa de fé. Futura mãe de sua filha, no início o romance (a meu ver) carece de “amor”, mas na verdade, ele tem excesso de amor, mas sem suas pieguices de “seremos felizes para sempre”. Ela é um contrapeso perfeito para Eugênio e seus defeitos, pois ela mais do que ninguém acredita nele e no ser humano que existe dentro dele, que nem ele conhece. Olívia tem uma peculiaridade com a qual eu me identifico muito: as estrelas. Mas será que eu acredito tanto quanto “deveria” que aconteça o que acontecer, estão lá em seu lugar? Será que tenho otimismo o suficiente para acreditar que a “vida é bela”? (para quem me conhece, essa frase não é nada estranha). Porém, por razões de conveniência e interesse, o personagem principal se casa com Eunice, pessoa rica de dinheiro e de futilidade. Mas será que eu nunca vesti uma roupa da moda, e fiquei tão fútil quanto ela? Será que valorizo aparências?

O meu personagem principal, ou melhor, os meus personagens principais são: Ângelo e Anamaria.

Ângelo, pai de Genoca (Eugênio), de uma simplicidade, humildade, calma e que aceita sua vida exatamente do jeito que é a ambição não lhe fazia falta, a malícia não lhe fazia falta. Ele tinha tudo o que precisava para ser feliz, e ponto final.

Anamaria (uma fofura!) filha de Eugênio e Olívia, uma mistura perfeita entre eles, possui a doçura da mãe e a “vontade de coisas" do pai. “Que é que tu me trouxe? E o meu presente?”

Enfim, o livro mostra as duas vertentes da humanidade: os que passam por tudo e todos para chegar ao “topo” e aos que se importam com coisas simples e com o próximo. Ainda existe esperança para o mundo? Ainda é possível se encontrar no meio de tanta coisa ruim acontecendo? Até que ponto nos deixamos levar por ambição? Perguntas como estas, são aparentemente piegas e do tipo “vamos dar as mãos e salvar o mundo”, mas na verdade são as feridas que tem de ser pensadas e não esquecidas. Um livro para se ler e sentir.

 

“Mas um sonho deixa de ser apenas um sonho no dia em que alguém o realiza.”

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Quando um vampiro se apaixona por uma elefante…

“Não falo muito sobre esses dias, nunca falei. Eu tinha medo de deixar escapar alguma coisa. Eu sabia como era importante guardar o segredo dela e de fato o guardei. – pelo resto da sua vida e depois. Em 70 anos nunca o revelei a ninguém.
Só me resta passar o tempo esperando o inevitável, observando os fantasmas do meu passado se agitarem em volta do meu presente insignificante. Eles se chocam e se esbarram à vontade, principalmente por não haver nenhuma resistência. Parei de lutar conta eles.Neste momento, eles estão se agitando ao meu redor.Sintam-se a vontade, rapazes. Fiquem mais um pouco. Ah, desculpem - vocês já estão à vontade. Malditos fantasmas."

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   Título: Água para elefantes

   Autora: Sara Gruen

   Editora: Sextante

   Número de Páginas: 272

   Preço: R$ 19,90

 

 

 

Sinopse: Aos 23 anos, Jacob era um estudante de veterinária. Mas sua sorte muda quando seus pais morrem num acidente de carro. Órfão, sem dinheiro e sem ter para onde ir, ele deixa a faculdade antes de prestar os exames finais e acaba pulando em um trem em movimento - o Esquadrão Voador do circo Irmãos Benzini, o Maior Espetáculo da Terra. Admitido para cuidar dos animais, Jacob sofrerá nas mãos do Tio Al, o empresário tirano do circo, e de August, o ora encantador, ora intratável chefe do setor dos animais. É também sob as lonas dos Irmãos Benzini que Jacob vai se apaixonar duas vezes: primeiro por Marlena, a bela estrela do número dos cavalos e esposa de August, e depois por Rosie, a elefanta aparentemente estúpida que deveria ser a salvação do circo.

Água para Elefantes” alterna histórias dos circos norte-americanos da década de 30 e a velhice de seu personagem principal, aonde em sua casa de repouso conta seus pensamentos e “esquecimentos”. Ao terminar de ler, a minha palavra que veio a minha mente foi “adorável”. Um livro que mistura sentimentos na medida certa, sem que nenhum deles se torne “piegas”.

A narração fica por conta do personagem principal, Jacob, que se encontra com “90 ou 93 anos” (nem ele lembra) em uma casa de repouso que enquanto narra suas aventuras no circo vai se tornando amável. A autora, foi muito feliz na escolha de como conta a história, pois ao mesmo tempo somos apresentados a um jovem, aprendendo a lidar com as revoltas e dificuldades da vida, encontrando seus amores (Rosie, a elefante, e Marlena), e um velho, aparentemente rabugento, com toda sua solidão, ainda amor pela mesma mulher (já falecida) e o mesmo encantamento pelo circo.

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A história é muito bem escrita pela canadense Sara Gruen, uma narrativa ágil e atraente. Há quem diga que seu estilo lembra Nicholas Sparks e tenho que concordar, pois além de autor de meus romances prediletos como “Querido John” e “Diário de uma Paixão”, Nicholas é muito feliz em seus finais, trágicos na medida certa. Sara Gruen e Nicholas Sparks, sabem fazer romances com “açúcar” no ponto, com pontos bem ligados.

“Água para Elefantes” tem tudo para ser um bom livro: um bom título, um contexto interessante (o mundo do circo), romance, tramóias, intrigas, tem até um velho ranzinza (acredite, isso pode ser legal) e uma elefante! Exceto... pela capa!

O livro, aqui no Brasil, pode ser encontrado em duas versões (até onde

eu sei)

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Quem teve a brilhante idéia de que quando fazem um filme, que pode até ser bom (não assisti), mas porque fazer disso a capa do livro?? Esta por sua vez (>>>) é muito mais interessante e inteligente do que a que você encontra no começo deste post. Você já deve ter percebido qual eu tive a sorte (ironia) de encontrar para compra, não?!

 

Enfim, leia o livro!

o/