domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma obra Admirável - Valor: minutos de Download

(para alguém essa foto parece familiar?!)
Título: Admirável Mundo novo
Editora: Globo
Autor: ALDOUS HUXLEY
Número de páginas: 398 
Valor:  +/- R$ 17,90
Trecho:  "- Livraram-se deles. Sim, é bem o modo dos senhores procederem. Livrar-se de tudo que é desagradável, em vez de aprender a suportá-lo. Se é mais nobre para a alma sofrer os golpes de funda e as flechas da fortuna adversa, ou pegar em armas contra um oceano de desgraças e, fazendo-lhes frente, destruí-las... Mas os senhores não fazem nem uma coisa nem outra. Não sofrem e não enfrentam. Suprimem, simplesmente, as pedras e as flechas. É fácil de mais."

Eis um livro que posso dizer que não custou nada além do alguns minutos de download, por motivos de urgência (culpa de certa pessoa) li o livro em formato pdf, mas te digo que vale a pena compra-lo, pois além de ter um preço acessível é um livro fantástico e iniqualável.
Lançado em 1932 pelo escritor inglês Aldous Leonard Huxley “Admirável mundo novo” é uma fábula futurista,  onde se tem uma visão do futuro bem diferente do presente (ou não), onde tudo é controlado pela ciência, mentes são manipuladas, o livre arbítrio não existe, extremamente organizado e tudo em prol de uma aparente “perfeição” da sociedade

.Sinopse: Ano 634 d.F. (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos (pré-condicionados) têm comportamentos (pré-estabelecidos) e ocupam lugares (pré-determinados) na sociedade: os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de "pai" e "mãe" são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia: acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo.

Seria um livro futurista???
Pois para mim se parece absurdamente real!

 Ler “Admirável mundo novo” foi como um soco na consciência, pois fui apresentada a uma “sociedade futura” que  pararando para pensar um pouco se parece com a nossa (até demais para meu gosto). Ou vai falar que não vivemos em uma sociedade extremamente consumista? Que nossos romances não são duradouros? Privacidade e pensamento criativo não são crimes (ainda), mas que são difíceis isso você tem que concordar. Afinal de contas, porque pensar se o Estado faz isso por você e todo o resto? (Dilma ia gostar) O Estado precisa do seu trabalho e divide as classes para isso, não se mistura com qualquer um e como não ser feliz em um sistema em que só temos que ser obedientes e receber porções de ração e drogas que nos deixam felizes? INCRÍVEL! (ironia). Ele garante seu bem-estar, sua saúde, sua paz, ninguém fica velho, não existem discutas amorosas (todos podem ter todos) e etc etc. Só que tudo isso tem um preço, e custa sua felicidade, sua verdade, sua vida individual. Será que é cobrar muito?
E por fala em ironia, eis uma coisa que não falta no livro, se você como eu adora uma boa e inteligente ironia este é um prato feito.
Algo que achei imensamente interessante foi à forma com que se é citado trechos de Shakespeare e outros autores que se encaixam de uma maneira perfeita na historia. Genial! A teoria da civilização futura é que isso tudo é velho e por isso proibido e desconhecido. Em pleno século XXI pode não ser proibido, mas será que é conhecido, tanto quanto deveria ser por sua grandiosidade?

O livro serve de reflexão sobre a forma com que encaramos nossas vidas (longe de ser auto ajuda). Somos seres humanos nos aproximando de parecer máquinas? As nossas escolhas e nosso raciocínio crítico não estão sendo tirado dia após dia?  Será que a “soma” (uma droga que no livro serve como doses de felicidade, de controle) não pode ser comparada atualmente com o álcool, a maconha. As semelhanças são muitas. Os valores já não são mais os mesmos, a verdade e a liberdade foram trocadas por estabilidade social, bem do coletivo e ausência de tudo que teria potencial para trazer infelicidade: guerras, doenças, ódio e paixão, envelhecimento, pesar da morte, etc.

Se lhe fosse dada a escolha, o que você optaria: nossa sociedade, cheia de defeitos, injustiças, e tudo mais que há de ruim, ou uma sociedade planejada, voltada para o bem estar geral da nação onde o todo é o que importa, e as particularidades são suprimidas? A vida é feita de escolhas e cada escolha é uma renúncia. Não é uma luta do bem contra o mal, mas de escolher entre coisas que parecem se equivaler: o que vale mais, uma sociedade livre, mas instável, com guerras e conflitos, ou a ausência de liberdade, a morte do livre arbítrio, da vontade, ou a paz, a saúde, a estabilidade, o prazer, a "felicidade”? Afinal de contas, hoje sabemos que a Terra é redonda, temos acesso à cultura (que muitas vezes desperdiçamos), temos o livre arbítrio para estudar e trabalhar com o que queremos (quando a possibilidade existe), mas e a felicidade? Somos felizes?

Já dizia  Rousseau: “o homem é bom, a sociedade os corrompe” Seria a solução uma socidade perfeita? Fazendo com que todos se tornem iguais?

Enfim, troque o soma pelo crack, pela novela, pela bebida, ou por qualquer outra coisa que te faça esquecer sua vida medíocre, veja pessoas discursando que a família tradicional não tem tanta importância, observe o quanto o estado dita cada vez mais como “pequenas pessoas’ serão educados. O quanto valorizamos estupidamente o trabalho, como se fosse um valor em si, não um meio para obtermos nosso sustento, o quanto as pessoas cada vez mais perdem a própria opinião e seguem aquilo que os meios de comunicação dizem. Será que o mundo novo já não chegou?
A escolha é nossa! De acreditar ou não no que vemos, nos que nos falam e no que somos a todo o momento estimulados e impulsionados a acreditar.
"Queremos saber,

Queremos viver
Confiantes no futuro

Por isso se faz necessário prever

Qual o itinerário da ilusão

A ilusão do poder

Pois se foi permitido ao homem

Tantas coisas conhecer

É melhor que todos saibam

O que pode acontecer"


Gilberto Gil

Agradecimento especial ao Sr. Marlo Renan que me sugeriu o livro e que me atura como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Gleici, Gleici...

    Te aturar é a coisa mais normal do mundo, sabia? Me aturar é que é o problema, mas, enfim... Não sei como você consegue.

    Adorei sua resenha. Como disse, ficou melhor que a minha.

    Beijo! :*

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